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Economia: nova queda da Selic, mudanças na economia e o que esperar para o futuro
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O Banco Central promoveu um novo corte de 0,50 ponto percentual na taxa básica de juros nesta quarta-feira (20), para 10,75% ao ano.
- Por Camilla Ribeiro
- 22/03/2024 12h41 - Atualizado há 9 meses
Nesta quarta-feira (20), o Banco Central do Brasil (BC) anunciou mais um corte na taxa básica de juros do país.
A Selic já passa pelo seu sexto corte de 0,50 ponto percentual (p.p.), chegando aos 10,75% ao ano.
Desde fevereiro de 2022 esse é o menor patamar apresentado pela taxa básica de juros. O início dos cortes ocorreu em agosto do ano passado, acompanhando a melhora do quadro inflacionário no país.
Com juros mais baixos, o crédito fica mais barato para as empresas e famílias gerando mais consumo e investimentos, ajudando a promover o crescimento da atividade.
Esse processo em que o Banco Central deixa os juros básicos com valores elevados é chamado na economia de política monetária contracionista.
Os cortes que foram promovidos desde o ano passado são encarados como uma flexibilização dessa política por parte da instituição.
Especialistas explicam, que apesar de alguns financiamentos e empréstimos estarem mais baratos, as empresas ainda não tiveram confiança para aumentar os investimentos de forma significativa.
O mercado está projetando uma desaceleração dessa atividade do país em relação aos anos passados, que haviam sido impulsionados pelos estímulos do governo e pelo consumo das famílias.
Efeitos da queda da Selic para a população
Para a ponta consumidora o "repasse" da queda da Selic tem um período de defasagem, que leva de três a seis meses para ser sentido pela população.
Já se passaram sete meses desde quando o BC começou a cortar os juros, os primeiros sinais dessa redução já começaram a aparecer.
Para linhas de créditos essa mudança nas taxas costuma ser mais rápida como em empréstimos com garantia, por exemplo. Para financiamentos mais arriscados pode demorar um pouco mais ou em períodos de incerteza econômica.
“Já começamos a ver nos dados de crédito, por exemplo. Os [números] anteriores já trouxeram uma melhora pontual de inadimplência, que pode ser o início de um processo de renegociação de crédito com juros menores”, disse a economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese.
Dados do sistema financeiro nacional, compilados pelo BC, mostram que as taxas totais de juros aos empréstimos feitos com recursos livres — aqueles contratos em que os bancos têm autonomia para emprestar e definir os juros, sem regras definidas pelo governo — já apresentaram uma redução:
-Em janeiro deste ano, essas taxas ficaram em 40,3% ao ano (ou 2,86% ao mês).
-Em agosto, mês em que o BC começou a cortar a Selic, essa taxa era de 43,5% ao ano (ou 3,1% ao mês).
Essa redução nas taxas e a melhora do cenário de crédito, que foi impulsionada pelo Desenrola Brasil lançado no ano passado para promover a renegociação de dívidas por parte da população.
Essa redução já refletem em uma inadimplência menor em comparação ao segundo semestre de 2023 e em uma melhora do consumo.
Alguns setores da economia também já começaram a melhorar suas projeções para este ano, com estimativas de investimentos maiores e crescimento das vendas.